Foi depois de ouvir várias músicas dos cantores Maenses e reler alguns artigos, poesias deixados aqui no blog que comecei a escrever esse pequeno texto.
Ainda me lembro bem, de quando deixei a minha terra em busca de mais um sonho... Eu estava alegre e ao mesmo tempo triste. Dois sentimentos distintos, que estavam tão próximos. Alegre porque estava consciente que seria mais um passo para a conquista de um grande sonho e ao mesmo tempo triste porque tinha de deixar para trás o que eu mais amava: família, amigos, Djarmai, carregando assim a saudade.
Neste momento estou aqui contando os dias que “faltam” para regressar à minha terra com o objectivo cumprido. O mesmo, que um dia propôs a troca para ficar longe de “tudo”. E agora tudo que me resta, são lembranças de como era dar um pequeno mergulho na praia “Bitch Rotcha”, assistir jogos aos fins semana no extinto estádio 20 de Janeiro, caminhadas pelo litoral entre a areia e o terreno, um passeio pelas salinas, trabalho de “azáguas” e mais outras tantas coisas que na altura não dava tanta importância e que hoje faz muita falta.
A beleza natural da ilha, a sua paisagem lunar feita de planuras, areia com pequenas elevações, a presença constante do azul do mar que deixam qualquer pessoa maravilhado. São vários os atributos que podia descrever a paisagem, mas hoje, vou tentar focar mais na beleza humana do Maio: a população.
Uma população acolhedora, terra de povo de espírito contente, simples, humilde, sonhador e que sabe receber, o que leva a ilha a ser considerada um local de tranquilidade e de descanso total. São tantos adjectivos que podia caracterizar “fidjos de Djarmai” e que não acabaria por aqui.
Hoje vários maenses encontram-se espalhados pelo mundo fora, por motivos diferentes, em países/sociedades com realidade, cultura diferente, mas mesmo assim ainda mantemos a nossa identidade.
È sempre uma alegria reencontrar com pessoas (famílias, amigos, etc.), ainda mais longe de terra natal, o que faz sempre sentir perto de casa.
Ainda lembro de um pequeno encontro onde estavam algumas pessoas do Maio.
Todos expressavam o mesmo sentimento: saudade, e desejo de um dia regressar. A conversa ronda sempre o mesmo assunto - Djarmai. Partilhavam-se histórias, conhecimentos, etc. E todos estavam atentos aos mais velhos que sempre tem uma história para contar aos mais novos, sobre “ Djarmai di kel tempo”.
Muitas das histórias contadas eram desconhecidas por alguns que interrogavam-se: Será que Djarmai é tão pequeno assim como falam? Onde fica esse lugar?
São histórias que ainda não foram publicados em nenhum livro, e que a escola (em Cabo Verde) ainda não ensina.
Hoje, estando longe tenho a consciência de que conheço muito pouco sobre a minha terra (Cabo Verde em geral e principalmente ilha do Maio).
Agora fica o lamento de não defender, “conhecer”, quando estive perto, mas acredito que nunca é tarde. A grande vantagem, é que a distância fez com que eu ficasse mais perto de Maio, e só fez aumentar o meu orgulho de ser Maense. Hoje vivo fisicamente longe, mas carrego-o comigo. Hoje mesmo longe vivo Djarmai de uma forma intensa, cada dia que passa procuro saber mais da história da ilha.
Continuando sobre o pequeno encontro em que numa pequena “tocatina”, desfilavam letras das músicas de vários artistas, que falavam sobre os nossos sentimentos sentido, traduzidas através de músicas. É sempre uma alegria, reencontrar com pessoas da Ilha, longe de terra, e por conversa em dia.
A alegria sentida no momento e transmitida pelo ambiente que se vivia fez-me sentir tão perto de casa que é Djarmai. Na despedida fica sempre a promessa de reencontrar e repetir o momento.
Quando vejo:
- Mesmo de longe, seguimos, torcemos pela nossa equipa no campeonato do Maio;
- Grupo de pessoas reunidas em nome de Djarmai;
- Pessoas mesmo longe cantam por Djarmai;
- Associações fora de Maio com nome relacionado com Djarmai;
- Pessoas longe, pesquisam e estudam Djarmai;
- etc.
São esses e mais tipos de movimentos que leva-me a dizer que mesmo longe de Maio e um oceano que nos separa, vivemos um pedaço de Djarmai, mesmo sabendo que nada compara estar na “tchom di djarmai”.
Hérito Dery Duarte
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