
Foi com imenso gosto que pude ouvir a entrevista do nosso Presidente da Câmara Municipal, Manuel Ribeiro – “Zezé”, passada na rádio “Grit Minis di Djarmai”, numa emissão online através do site da Associação com o mesmo nome, criada por “fidjs di terra” radicados na Holanda.
Antes de opinar sobre o que ouvi, queria saudar a iniciativa dos emigrantes maienses que, com objectivos nobres, criaram uma associação a pensar nos melhores interesses da nossa ilha. A iniciativa é de louvar e deve servir de exemplo a todos nós, principalmente aos que estão constantemente em contacto com a realidade da ilha, colaborando com a referida associação (que naturalmente precisa de apoios a partir do terreno), ou tendo iniciativas similares àquela.
Voltando à entrevista, destacava três das questões abordadas: a segurança, a relação da Câmara Municipal com os emigrantes e os projectos para a ilha.
No que toca à segurança, questionado sobre os rumores de assaltos a turistas e sobre as medidas para fazer face a este problema anunciado, o Presidente reconheceu que tal situação é preocupante, mas avança dizendo que a autoridade local pouco pode fazer e que a solução deve passar por uma melhor iluminação das ruas, prometendo esforços neste sentido (“pressionando” o operador do sector), e pela criação uma Polícia Municipal de modo a reforçar o pequeníssimo contingente policial da ilha.
Pergunto, perante os enormes problemas no fornecimento de electricidade na ilha, que já parecem crónicos, se será razoável pensar que estes sérios constrangimentos serão superados e que a qualidade do serviço melhorará ao ponto de passarmos a ter uma boa iluminação pública, capaz de dissuadir actos que contribuam para aumentar o clima de insegurança… (?).
Relativamente à criação da Polícia Municipal, a realidade revela insuficiências da própria Polícia de Ordem Pública em termos de recursos humanos e materiais, transmitindo a ideia de que não será prioritário a disponibilização de recursos para instituir uma polícia local. Nada a apontar em relação à provável eficácia das medidas propostas, mas, a meu ver, antevêem-se dificuldades em fazê-las vingar.
Quando se falou dos emigrantes, sublinhou-se a forte dependência da economia local em relação às suas remessas e, por conseguinte, a devida atenção que deve ser dada à relação entre a Câmara e aqueles. O Presidente anunciou a criação de uma unidade de negócios e emprego onde se privilegiará a relação com os emigrantes. Tardou medida de tal natureza. A Câmara Municipal há muito podia ter estreitado as relações com os emigrantes e servido como elo de ligação entre estes e as oportunidades de investimento, canalizando as suas poupanças para investimentos em sectores críticos da ilha.
Aconselhou, ainda, que os contactos com a Câmara deverão ser feitos com antecedência, pois “...quat semana i pok…”. Ora, na modernização das administrações públicas assumem especial relevância as questões da celeridade e eliminação de burocracias desnecessárias. A nossa Câmara Municipal não deve ignorar esta tendência, sob pena de deixarmos de beneficiar, por exemplo, de importantes incentivos ao investimento, resultantes desse processo.
Não tardou para se falar do turismo, a nossa “eterna esperança”, e dos projectos para a ilha. Anunciou que finalmente, no 2º semestre de 2009, vão começar a surgir reflexos da actuação da Sociedade de Desenvolvimento Turístico da Boavista e Maio na nossa ilha. Falou em investimentos estruturantes para o desenvolvimento do turismo sem, no entanto, referir à “estrutura invisível” que pode e deve ser criada de forma a acomodar os males sociais do turismo.
A abordagem estratégica do desenvolvimento turístico da ilha deve ser alvo de esclarecimento junto dos maienses e deverá ter em conta os erros cometidos nos casos do Sal e da Boavista. De certeza, não queremos ser mais uma vítima – passar a ser moda, sermos sugados e deixados à nossa mercê para digerirmos os males que vêm no tal pacote de desenvolvimento turístico. Espera-se que o nosso atraso relativamente a essas ilhas tenha permitido uma reflexão cuidada sobre o nosso próprio rumo de desenvolvimento. Para além do turismo, o Presidente não deixou de fazer alusão ao investimento na educação e na urgência da construção de um novo liceu.
As prioridades são aparentemente fáceis de identificar. Resta, no entanto, um plano lúcido, o envolvimento de “TODOS OS MAIENSES”, especialmente quando temos um poder central INSENSÌVEL às imensas dificuldades da “pequena” ilha do Maio.
Em suma, foi bom perceber a disponibilidade do Presidente em responder a questões pertinentes sobre os destinos da ilha e mostrar-se sensível em relação às posições daqueles que, mesmo à distância, muito fizeram, fazem e mais ainda podem fazer pela nossa terra.
Que se passe das intenções declaradas a acções concretizadas!
Keita Costa Santos
24/11/2008
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