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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Ilha do Maio - Uma visão particular


Nota: Este texto tem o caracter o pessoal e limitada da minha visão sobre a ilha do Maio. Como estive lá há cinco anos, admito que pode haver muitas actualizações.

Quando eu era criança, ouvia os pescadores a contarem muitas histórias sobre a ilha do Maio. Ouvia eles a falarem da Vila, do Mouro, do Cascabulho e de “guentis manso”. Também, eles contavam um certo mito:

“ O Maio é uma terra “sabi” mas tens que saber viver e ter muito cuidado. As pessoas são acolhedoras mas se tu meteres com as suas mulheres, existe uma pedra branca, se eles virarem esta pedra do lado contrário( kabesa pa baxu), nunca mais vais voltar para a tua casa”.

Ficava a imaginar aquela ilha bonita e com muitas mulheres “lindas e proibidas”. Ansiei conhecer aquela ilha durante toda a minha infância mas ao mesmo tempo tinha medo de “ mudjeris bunitas mas ki bu ka podi mexi kol”. A curiosidade aumentava à medida que eu crescia e o medo ia dissipando , pois, afinal até o Adão foi tentado pela Eva.

Quando fui para a Residência Estudantil Madre Teresa de Calcutá(REMTC), estava a chorar, veio uma veterana do Maio(Ana Alice) ter comigo e deu-me muitas forças. Na semana seguinte, quando voltei à REMTC, os meus dois colegas do quarto eram do Maio( Delvany e Sancy ) e durante os três anos em que fiquei ali, conheci centenas dos maenses tanto dentro como fora do Internato. Ali surgiu o convite e finalmente, tive a oportunidade de conhecer aquela ilha que tanto ansiava conhecer e que hoje é a “minha” ilha e nunca descartei a possibilidade de um dia fixar a minha residência no Maio.

Maio
Da minha curta passagem pela ilha, ficou a sensação de uma ilha pouco explorada e com muitos potenciais. Potenciais estes que, da Ilha do Maio poderia sair três ou mais productos “made in Cabo Verde”, mas para isso é necessário a quem de direito, um sério investimento que ultrapassa um simples e/ou somente as vontades populacionais que bem merecem.

  1. O Maio tem excelentes tocadores do violão. Muitos deles são pescadores e outros que possuem um estilo peculiar e único de dediliar e “fazer variações” nas mornas e coladeiras. A conservação e transmissão deste estilo único às novas gerações é uma boa forma de enriquicer a cultura da ilha. Pode-se também, criar uma espécie do “Coro da ilha”;


  2. O Maio tem várias espécies marítimas, entre as quais abunda o peixe. Infelizmente, assim como o resto do país, predomina a pesca tradicional e não tem a fábrica de conserva. A requalificação da antiga fábrica de conserva(actualmente encontra-se inactivo(?)) ou a criação de uma nova e de maior dimensão, vai gerar emprego e criação de riquezas para a ilha;


  3. O “Plart”. O “ Plart” como é designado ali, é um tipo de caranguejo(?) que vive na areia. Não tenho muito conhecimento da biologia marítima e muito menos a de Cabo Verde mas presumo que é uma espécie típica da Ilha do Maio. Esta espécie é muitas vezes usado como isca nas pescas, a apanha abusiva e incontrolado pode levar à sua extinção. O “Plart” é uma espécie é muito resistente e meigo, mesmo sem nenhum dos pés, consegue ficar vivo e levantar os seu “olhos compridos” na tentativa de fugir ou simplesmente “cumprimentar” quem estiver por perto;


  4. Quem nunca ouviu “ Si era na Djarmai nta pagaba bo um queju”? O queijo do Maio tem a fama e tem o proveito. É tradicionalmente feito em casas particulares dos pastores. Poderiam criar uma micro-empresa para a produção industrial “sem perder o tradicional”, onde este saboroso queijo pode ser comercializado em todo o país e/ou internacional. Serví-los nos restaurantes, hotéis, e outros locais chics do país é uma boa forma de divulgar e valorizar “kusas di ilha” e os “made in Cabo Verde”;


  5. O Maio carece de um supermercado, hipermercado ou um centro comercial. Caso o Maio tivesse um centro comercial, os imigrantes, os pequenos empresários e os investidores em geral poderiam investir directamente na ilha, minimizando o custo de transporte e os impactos das burocracias dos despachos. Assim, todas as pessoas que querem “estar na moda” é só ir ao Centro Comercial da Vila para satisfazer a sua vontade, assim, optimizavam o dinheiro e o tempo em termos de deslocamento à ilha de Santiago ou outras ilhas;


  6. Transportes. No que reparei, muitos productos agrículas e não só, são transportados para a ilha e os meios de transportes não são frequentes e eficientes. Eu acho um exagero um maense ou qualquer outro cidadão caboverdeano pagar 5000$00 para ter cinco minutos dentro de uma “avioneta” dos TACV, isto é, em média Maio-Praia ou vice-versa são cinco minutos, pagar 5000$00 é inadmissível.


  7. Numa viagem completa são aproximadamente dez minutos e um custo total de 10000$000, o que não passa de um simples acto de exploração. Como há uma necessidade de transportar os productos, é bom que haja uma maior frequência dos meios de transportes e um preço acessível a todos para poder haver um incentivo aos pequenos comerciantes e consequentemente, uma boa qualidade dos productos aos consumidores, ao fim ao cabo, “ tud criston, tud cimbrom tem direit na sé gota d’aga”.
A minha visão pode estar vencida visto que já la vão cinco e quase seis anos. Alguém discorda, concorda, tira ou acrescentava algum ponto? Da última conversa que tive com um maense, fiquei a saber que existe um barco que faz o trajecto Praia-Maio às terças, quintas e sábados num periódo de 45min(?) onde cada pessoa tem direito a 20 Kg, além das priguiçosas. O que para mim, já é ma boa acção.

Sugestão:
Há muitas outras “boas coisas” na Ilha do Maio como a salina, o artesanato, a confecção, gesso(?) entre outras que precisam de ser exploradas.

P.S. A “pedra branca” do Maio se calhar é a morabeza, “ Si n’mexeba ku minin di djent, nta fikaba la.”

Cumprimentos a todos,

mrvadaz@gmail.com

5 comentários:

  1. Em primero lugar dau kel abraço, e flau pa kel pouco quim concheu na Maio, nu cria um bom amizade, apesar de agora nu ca sta cu muite contacto... Dipos é bom qui djents de Maio tb tem oportunidade de lê opinion de pessoas exteriores, apesar de kel relação especial, sobre um ilha realmente cu tcheu necessidades... Mas ainda, bo ca único qui sta pouco ideia de mod qui Maio sta, pamode ami tb un tem kel noção, já qui un sta na fora ha 7 anos, só mas uns mesinhos:-)... mas acredita Maio ainda sil conché evolução ainda é poc... Por ultimo parabens pa bu artigo e continua...

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  2. Txeu pont d vistas interessants nes artig. Infelizmente Nelson quase maioria sinau maioria d kes problemas q bu apontá ainda ta prevalecé, ma nu ta consigui mudá, prmer passo é tem consciencia d tude kuzé sta mal e ka tem mede d fala sobr isso e do q ntem stade ta oia nes blogue li tem stade ta dade manente kel prmer passo e nta acredita ma nu ta progredi..bom sabé di bu simpatia pa nos ilha e pa bu fica la ka meste mexé q minin d dejnt:p

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  3. Grandi Vanderley!

    Kantu tempo! Realmente nu ka fika txeu em kontacto mas amizadi kontinua... Sodadi kes longo koversas y nhas kuriosidadis sobre universidadi. Kes dikas ki bu dan djudan txeu na primeiro ano! ;) Obrigado, nta acredita ma ku esforços nu ta txiga la!

    VPSM, realmente nka mexe ku kes minin d djent mas acho ki nhos rabidan kel pedra branc lol

    Cumprimentos,

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  4. Realmenti na vários aspectos Maio di nos ainda continua assim, mas ami n gosta tcheu di kel artigo li porque é bom ora ki nu ta obi alguém di fora ta lembranu di kel ki é di nos...
    Maio é um terra sab sem comparação e ku caracteristicas peculiares, nu tem ki dal mas atençon e midjoral pa nu tornal pa tudo alguem o ki el é pa nos, nos kerida terra.
    Ami undi kim bai n ta leba Djarmai di meu na nha coracon, kela é certo.

    To SM

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  5. ai s fosse assim tao facil(num abrir e fechar dos olhox).. ate eu exploraria..

    agr falando a serio, na nossa ilha ha varios factores internos e externos á ilha k nao nox deixa kaminhar pa frent p tentar (pelo menox) explorar o lado maix (se me permitem a expressao) da nossa ilha.. nao vou paki enumera-las pk sao mts e komplexos..


    vou fkar p aki pk sobr esse tema passava o «dia todo« a xkrver

    santo natal a tdx!!

    ass. EA

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