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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CIMENTEIRA: PORQUE NÃO NA ILHA DO MAIO?

Ultimamente, e numa altura em que muito se tem falado da influência das redes sociais na sociedade e, nomeadamente, na vida política, tem surgido algumas explicações ou meras opiniões da parte de algumas personalidades ligadas ao PAICV e ao Governo sobre a Transferência do Projecto da Cimenteira para Santa Cruz. Refiro-me nomeadamente ás declarações do Deputado Municipal Tó Tavares e, mais recentemente do Ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos José Maria Veiga.

Começando pelo Deputado Municipal Tó Tavares, diria que ele revelou (mais uma vez) aquilo que venho constatando de algum tempo a esta parte: a militância nos partidos políticos em Cabo Verde enceguece completamente as pessoas. Já ouvi da boca de um militante e dirigente do MPD no Maio que todos os estudos indicam que a melhor localização para um Porto na ilha do Maio é exactamente onde está o actual. Fiquei estupefacto. Para não assumir que a construção daquele porto foi um erro do seu partido, insiste numa ideia que, á partida, qualquer cidadão (não e preciso ser especialista para ver) sabe que não a mais racional. Então para Djarmai ter um porto era preciso cortar ao meio a extensa praia de areia branca e água cristalina que se estende de “bitxe rotxa” até ao Morro?! Não se consegue arranjar ao longo de toda a costa maense uma “gretinha” com condições para se erguer um porto?! ODJE Y PAKÉ??!!

Mas voltando á cimenteira, ou melhor projecto de cimenteira (é proibido dizer cimenteira sem projecto á frente), e ao deputado Tó Tavares, diria que ele não podia ter sido mais infeliz na sua argumentação. Tó Tavares, que apesar de não conhecer, admiro (não como deputado), poderia ter-nos poupado deste triste episódio. “Não deixa de ser paradoxo quanto reivindicam que o Estado transporta para o Maio, arroz porque lá não existe, petróleo porque lá não existe, mercadoria, aeroporto, avião, barcos porque temos esse legitimo direito e, quando chegar o momento do Maio contribuir com o seu quinhão, aquilo que possui para partilhar com o todo nacional, aparece gente a choramingar” estes são os argumentos do Deputado Tavares para justificar a tal transferência.

Meu caro compatriota Tavares, que comparação mais estapafúrdia! Então as matérias-primas serão levadas para Santa Cruz como contrapartida do arroz, do petróleo,…, dos aviões… que recebemos de… Santa Cruz?!  Sr. deputado cabe ao estado gerir os recursos do subsolo mas, de forma racional e não me parece que transportar 90% de matérias-primas (rocha bruta) de um sítio para se juntar a 7% doutro sítio seja a opção mais racional. Não seria melhor transportar os 7% para se juntar aos 90%? Além do mais meu caro compatriota, o Sr. que foi eleito para defender os interesses da ilha do Maio e dos Maenses, aceita que os que o elegeram sejam privados de um projecto que criaria directa e indirectamente cerca de 400 postos de trabalho (e estamos a falar da ilha com a segunda maior taxa de desemprego do país), além do grande impacto que teria na economia da ilha atraindo outras actividades e outros investimentos. O pior é que o Sr. aceita sem exigir do seu partido uma explicação plausível. Isto sim é paradoxo Sr. Deputado. O Sr. deveria ser o primeiro a exigir do Governo um estudo comparativo para localização em Santa Cruz e em Djarmai. Porque não o faz?

Em relação ao Sr. Ministro José Maria Veiga, o seu comentário demonstrou, mais uma vez, que todo este processo é, no mínimo estranho e nem o Governo nem o PAICV tem uma explicação racional para a transferência.

O Ministro afirmou, num comentário no Facebook, que “durante o processo de fabrico do cimento é produzido uma matéria de nome Clinker que é muito perigoso e que os turistas não iriam a Maio se soubessem que lá se produz esta matéria”. E eu pergunto: então o Clinker é perigoso para os turistas e não é perigoso para a população de Santa Cruz? Esta será a primeira unidade a produzir esta matéria? Santa Cruz não tem projectos turísticos

O Ministro Veiga subestima as capacidades dos maenses ao pensar que estas explicações são suficientes para nos convencer que não se pode ter uma fábrica de cimento na ilha do Maio. Tal como o Sr. Ministro, eu também estou consciente de que a indústria cimenteira traz desvantagens ambientais para qualquer espaço, mas eu sei e sei que o Sr. Ministro também sabe que, o que é perigoso para os turistas que visitam Maio é também perigoso para os turistas que visitam Santa Cruz, é também perigoso para os Maenses, Santacruzenses, e qualquer outro ser vivente. Portanto como é que o Sr. Ministro explica que, não se pode construir no Maio porque faz mal aos turistas mas pode-se contruir em Santa Cruz onde vivem os santacruzenses? 

Ademais, a Sr. Ministro conhece, tal como eu, o Estudo de Impacto Ambiental que o seu Governo encomendou, que dá um parecer favorável á instalação da fábrica em Santa Cruz e que não faz nenhuma menção a eventuais perigos resultantes da produção do Clinker. Já agora Sr. Ministro, o Clinker é também a matéria base usada na produção do cimento nas fábricas da Sécil em Setúbal e da Cimpor em Loulé (Algarve), duas das regiões que mais turistas recebem em Portugal.

Mas há ainda outros aspectos do estudo a realçar e que contradizem a tese de uma eventual incompatibilidade com o turismo. Segundo o Estudo de Impacto Ambiental da Cimenteira a ser instalada em Santa Cruz, serão transportados anualmente, e por via marítima, 409.900 toneladas de calcário, 62.400 toneladas de xisto e 18.300 toneladas de gesso da ilha do Maio, equivalente a 90% das matérias-primas. E apenas a argila, que só representa 7% das matérias-primas será extraída em Santa Cruz. E o estudo revela ainda, e passo a citar: “O calcário constitui a matéria-prima mais importante na produção do Clinker e do Cimento…  será explorado na Ribeira do Toril localizada a NE da Vila do Maio, numa encosta de declive suave e a exploração será a céu aberto.” E não há Estudos de Impacto ambiental para estas explorações porquê? Não vou entrar mais a fundo na análise a este estudo, algo que farei num outro artigo.

Importa ainda referir que o Primeiro-ministro durante a campanha na ilha do Maio afirmou que nunca ouve projecto para cimenteira na ilha (o que não é verdade) e disse estar disponível para apoiar eventuais projectos que possam surgir para cimenteira em Djarmai. Afinal, Maio pode ou não pode ter uma Cimenteira?

Qual é afinal a justificação para não se instalar a fábrica em Djarmai? Será porque o Clinker afugenta os turistas como diz o Ministro Veiga? Será porque nunca houve projecto como diz o Sr. JMN? Ou será para pagar o arroz, o petróleo, os aviões,…, que recebemos (de Santa Cruz?) como justifica o Sr. Deputado Tavares?

Perante toda esta carambola fica claro que a única razão para esta decisão é favorecer Santa Cruz em detrimento de Maio.

Nota final ainda só para fazer uma chamada de atenção. O tema Cimenteira, ou melhor Projecto da Cimenteira, esteve em destaque durante a campanha eleitoral e findo o período eleitoral parece ter (voltado a) cair no esquecimento, principalmente daqueles que têm algum poder de decisão. O MPD, num claro acto de aproveitamento político, apareceu a falar deste assunto nas vésperas das eleições. Primeiro através de um comunicado na CMM e depois durante a campanha. A deputada Joana Rosa por várias vezes prometeu devolver o projecto á ilha e ao que parece até já se esqueceu. Mas o povo não esquece Sr. Deputada.

Isto só demonstra que para os partidos e, infelizmente, para alguns maenses, esta questão só tem interesse político, espelhando bem a situação a que chegamos em Cabo verde no geral e Djarmai em particular: tudo, absolutamente tudo, é politizado e partidarizado. Mas queria deixar aqui uma palavra para a reflexão de todos os maenses, principalmente os políticos: esta questão não se trata de uma luta política, não se trata de uma luta entre o MPD e o PAICV, mas sim de uma luta do povo maense em defesa dos interesses da ilha e dos maenses.

Samir Agues da Cruz Silva
samirsilva@vozdidjarmai.com

3 comentários:

  1. Simé bu fla i bem, as kré favoreçé Santa Cruz na custa di Mai, mas pamod? i 1 di kes motive i pmd historicament djents Mai é deduzid como “djents manse, djents dret” ku traduzid simplesmente significa boca raganhad, governe/pessoas di fora na passad ta fazeba i disfazeba na Djarmai, i pov ka ta flaba nada. N’ta amá nha pove i ilha incondicionalmente (Deus sabé), ma nu ka tem kel cultura di papia hora ku nu debé papia i nu tem tendênçia di conforma mut faxe ku kuzas, especialmente injustiça em vez di luta pa mudança. Ma kelá sta mudá ku cada geração, sem dúvida jovens sta lida um nove mentalidade e sta ser mut mas ousad ku nos avós i bisavós, i kel space li ta mostrá kelá. Deputade Tavares, ministre di ambient, i primer ministre es tud sabé ma kel tranferência li ka tem nenhum cabiment, ma kues, simé Brazilers ta fla, “não tou nem aí”. Important i keli, KUZÉ KU POVE MAIENSE STA BEM FAZÉ ACERCA DI KEL INJUSTIÇA LI? Será ku nu sta bem cruzá braçe i aceitás keli? Será ku nu ta continua ta ser odjad como um pov “mud”? Nu tem ku fazé algum kuza acerca di keli, i breve.

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  2. Amin ta espera + es questãn di instalação di cimentera na Sta Cruz e não na Maio ca ta ba ser simé quel problema di apanha di area na baias/costa di Djarmae qui inda ninguem ca parcé condenad pa indiminiza problemas ambiental qui até inda el sta ta causa e qui tcheu pessoal di djarmae ainda sta ta difendé ques malfeitores por intersse insegnificantes!!! Agó si kel negociação ca for a favor di Djarmae ami é 1º qui ta Morre baxe di kel 1º camion qui ta ba leba materia prima pa caís!!!

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  3. Quando a ilha do Maio não se encontra nos jornais on-lines mais importantes do país, eu pergunto a cimenteira de que ilha para que o concelho de Santa Cruz.
    Se essa ilha não existe, como fizeram essa transferência? Isso é para prejudicar câmara do MPD do maio ou para beneficiar a câmara do vice-presidente do PAICV de Santa Cruz?
    Haja santas, haja cruzes, haja maios no calendários, haja santa Cruz a 3 de Maio para ser comemorada por todos... ou estou maluco ou é estória ké mal kontadu, Prisezitu?!

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