FALTA DE LIGAÇÕES MARÍTIMAS ENTRAVA DESENVOLVIMENTO DA LHA DO MAIO

A 35 quilómetros da vizinha ilha de Santiago, o transporte marítimo para a ilha do Maio é uma raridade – uma vez por mês chega ao cais da vila de Porto Inglês o navio da carreira regular com a cidade da Praia! Manuel Jorge Ribeiro, o autarca da ilha, não se conforma. Falando a Liberal, o presidente da Câmara diz que seriam necessárias ligações marítimas três vezes por semana

Porto Inglês, 9 Dezembro – Na encruzilhada da ruralidade com os tempos modernos que as perspectivas do desenvolvimento turístico anunciam a ilha do Maio enfrenta um grave estrangulamento – a quase falta de ligações marítimas regulares. A 35 quilómetros da vizinha ilha de Santiago, o transporte marítimo é uma raridade – uma vez por mês chega ao cais da vila de Porto Inglês o navio da carreira regular com a cidade da Praia! Manuel Jorge Ribeiro, o autarca da ilha, não se conforma. Falando a Liberal, o presidente da Câmara diz que seriam necessárias ligações marítimas três vezes por semana.

E explica que esta quase falta de ligações entre as duas ilhas vizinhas tem graves custos para o Maio. Rareando os navios, surgem ameaças de ruptura no abastecimento – de facto, nos últimos tempos, Maio tem sido notícia pela negativa: quase se esgotaram os stocks de cimento e ferro, paralisando a construção civil (e aumentando o desemprego), como quase se esgotaram as reservas de víveres na ilha. E, sublinha Manuel Ribeiro, havendo rupturas, fomenta-se a especulação que traz o agravamento dos preços. Ouvindo-o, percebe-se que as poucas ligações marítimas regulares existentes têm pesados custos para a população maiense: desemprego e encarecimento da vida.

O autarca acrescenta mais um aspecto não desprezível: Maio é produtor de sal e carvão, além de outros produtos escoáveis para o mercado de Santiago. Sem transportes, a actividade económica virada para a exportação para as outras ilhas, fica sufocada.

Diz o autarca de Maio: “É preciso que os governantes, na Praia, entendam, de uma vez por todas, que esta ilha é uma parte do arquipélago de Cabo Verde, é uma parte do País, tem os mesmos direitos das outras parcelas e, sobretudo, o direito ao desenvolvimento”. Na verdade, fica-se por vezes com a sensação de que esta ilha não existe, que foi retirada do mapa: a Comunicação Social quase a ignora. E, se o isolamento é um handicap, a situação já esteve pior: quando o pequeno aeródromo esteve, durante meses, encerrado e as poucas ligações marítimas foram desviadas para acudir a outras ilhas afectadas pelo afundamento de dois navios do armamento nacional.

A que se deve o arredar de Porto Inglês das rotas da cabotagem cabo-verdiana? Manuel Jorge Ribeiro responde: “Dizem que é por causa do cais, que o cais não tem condições. Eu penso que não. Penso que este problema não se resolve apenas por razões políticas”.

Há memórias que levam o pensamento a seguir por estes rumos: Manuel Ribeiro chegou a autarca como independente apoiado pelo PAICV e, nessa condição, derrotou nas urnas uma candidatura MpD. O decurso das coisas fez que o autarca abdicasse do estatuto de independente e se alinhasse… com o partido ventoinha. Daí, ao que se diz tanto em Maio como em Santiago, ter-se gerado um clima de vendeta: “não lhe perdoam e querem abatê-lo. Contudo, quanto mais tentam isolá-lo, mais reforçam o apoio que ele tem entre a população”.

Por outro lado, se de facto o cais de Porto Inglês fosse obstáculo para escalas regulares da navegação, como se explica que mensalmente vá lá um navio sem problemas? E se fosse essa a razão por que razão não se encara, à semelhança de outros portos, a possibilidade de obras de adaptação e modernização do cais? São perguntas que apontam inevitavelmente à existência de outros escolhos


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Noticia publicada em http://liberal.sapo.cv