sábado, 31 de janeiro de 2009
Djarmai e a Questão dos Partidos Políticos
Maio é uma ilha “pequena”, com cerca de 3800 eleitores (menos de 2% do total nacional), portanto, praticamente sem nenhum peso na cena politica nacional. Infelizmente a classe politica em Cabo Verde continua com uma estratégia muito eleitoralista, o que faz com que Djarmai seja relegado para os últimos lugares das prioridades dos principais partidos políticos.
Porém, nós, os maenses, não podemos deixar que Djarmai se torne num refém desta forma egoísta de fazer politica. Nós não podemos ficar de braços cruzados e aceitar que esta situação que, muito tem prejudicado os maenses continue.
Na minha óptica esta questão deve ser vista em duas perspectivas. Temos que olhar para o poder local e poder central de forma diferente.
Em relação ao poder central, temos que criar uma massa critica muito forte para defender os interesses da ilha. Perante o total desinteresse que tem sido demonstrado pelo governantes nos últimos tempos pela ilha, temos que ser nós, os maenses, a levantar a voz para defender os nossos interesses. Levantar a voz não só para criticar mas, acima de tudo, para debater as questões relevantes para a ilha, formular propostas e sugestões e, desta forma, contribuir duma forma activa nas tomadas de decisões sobre questões que influenciam o desenvolvimento da ilha e o bem-estar dos maenses.
Mas esta massa critica deve ser liderada pelos deputados eleitos nas legislativas pelo circulo eleitoral do concelho. Não podemos esquecer que os maenses elegem dois deputados nacionais para defenderem, acima de tudo, os interesses da ilha. É verdade que, também, são representam de partidos políticos, mas temos que exigir que coloquem os interesses da ilha em primeiro lugar.
É necessário um movimento cívico muito forte para colocar Djarmai na agenda dos políticos e dos governantes em particular. Em democracia o poder pertence ao povo, o povo tem que exigir o melhor daqueles que elegem para os representar e, avaliar as suas actuações.
No que ao poder local diz respeito, é fundamental despir as camisolas partidárias e concentrar num único “partido”: Djarmai. A experiência do movimento MUPAD (Maio Unido Para Desenvolvimento) é um exemplo de sucesso de movimento cívico e o seu desaparecimento é, por outro lado, um bom exemplo das dificuldades que são impostas a concelhos da dimensão de Djarmai com autarquias partidarizadas.
É necessário uma forte equipa composta por maenses independentemente das cores partidária, e cujo principal objectivo é o desenvolvimento do Maio e o bem-estar dos maenses. Mas é também necessário um bom projecto, um projecto que vai de encontro ás necessidades da ilha, priorizando o combate á pobreza e promovendo o bem-estar de todos os maenses.
Eu costumo defender que, muito mais do que ideias e projectos, é preciso ter pessoas para concretizar tais projectos. Mas no caso maense acho que falta-nos juntar, discutir os nossos problemas, debater os desafios que temos pela frente, cruzar e clarificar ideias, e sobretudo, elaborar projectos e programas de intervenção para depois reunir as pessoas certas para os concretizar.
Para finalizar queria chamar a atenção para o papel da comunidade em geral. Cabe ao Governo e á Câmara o papel de trabalhar no sentido de promover o desenvolvimento e o bem-estar das populações mas, nós não podemos ficar de braços cruzados á espera que eles resolvam tudo.
A comunidade em geral deve ter um papel activo neste processo através de associações comunitárias, cooperativas de desenvolvimento, ONGs etc. O associativismo é um dos principais meios de resolução de problemas comuns e, pode ser ser um importante instrumento de combate á pobreza e promoção do desenvolvimento.
Há certas questões que podem ser prioritárias para uma determinada comunidade mas que, pela sua especificidade, não são prioridades para os governantes. Nestas questões, as associações comunitárias podem elaborar projectos e procurar financiamento tanto junto de entidades publicas como ONGs e entidades privadas para as resolver.
O associativismo é um exercício de cidadania e, como alguém um dia disse, “a união faz a força” e “o povo unido jamais será vencido”.
Samir Agues da Cruz Silva
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Antes de mais os meus parabéns por amar tanto a sua terra que mesmo longe por motivos académicos se tem preocupado e lutado para dias melhores para o seu povo . A ilha do Maio se caiu no esquecimento é graças aos representantes que o povo elegeu e que pouco ou nada têm feito em prol do seu desenvolvimento . Cabo - Verde resume- se às ilhas : Santiago , Sal , S.Vicente , Boa Vista e S. Nicolau , o resto é paisagem . Não baixem os braços , arregacem as mangas e lutem para o progresso e desenvolvimento da vossa ilha . Realmente será necessário um movimento cívico , mas penso que o povo tem medo de represálias . Conforme refere no seu artigo e que eu própria também tenho dito que "o povo unido jamais será vencido , pois a união faz a força ". Esta história de partido terá que acabar para Cabo - Verde se desenvolver e não perder o andar da carruagem teria que escolher Homens /Mulheres capazes e não corruptos seja de que cor política fôr para juntos trabalharem para um Cabo - Verde melhor , mais justo e fraterno rumo ao desenvolvimento .Boa sorte para si e todos aqueles que anseiam
ResponderEliminarver a sua terra em paz e franco progresso . Bem haja pelos seus artigos .
Tens razão no que dizes! Mas, é preciso ver também que o poder local (a CÂmara) nada ou quase nada tem feito por Djarmai. Se formos ver, nos últimos anos Djarmai quase que "parou no tempo". Nós os Manenses não temos estado a perceber, mas Zézé e a sua equipa não tem tido boas ideias, boas infra-estruturas, e nós colocamos toda a culpa ao Governo. É certo que o Governo tem grande culpa nisso, mas se formos ver por exemplo a ilha da Boavista, quem está no poder lá é o MPD, mas nem por isso tem estado atrasado. Eu dou nota positiva à Câmara do Maio só no quer diz respeito às bolsas de estudo que têm atribuido aos estudantes, embora eu tenha muitas críticas no que tamge ao critério utilizado para a distribuição.
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