“A mudança é a lei da vida e aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro”. John F. Kennedy
Algo que sempre apreciei no povo Caboverdiano é a sua postura de ser um povo pouco conformado com as dificuldades que a vida apresenta, estando permanentemente em busca das melhores soluções e alternativas para um futuro melhor. Vejo isso no nosso povo dos interiores das ilhas, que se deslocam diariamente ás actuais Cidades em busca do sustento da família, vejo isso no dia – a – dia das gentes das Cidades, labutando nas empresa, nas casas comerciais, nas ruas, nos mercados etc. Este povo que de sol a sol se esforça com o único objectivo de melhorar o seu hoje e garantir um amanhã.
A atitude de um povo tem-se demonstrado como factor transformacional das sociedades e das civilizações, embrulhando alguns na extrema pobreza, miséria e no esquecimento, e conduzindo outros à dinâmica do desenvolvimento humano, social e económico, a preservação dos seus recursos naturais, mas sobretudo da promoção de maior e melhor qualidade de vida. Esta atitude não se centra nas decisões político-partidárias que são tomadas, não emana de qualquer corrente religiosa e muito menos do acaso. Ela é intrínseca a cada cidadão, influenciado pelas suas raízes culturais e pelo seu viver.
A ilha do Maio (Nha Terra e Nha Grandi Kre Txeu ), vem sendo criticada por muitos pelo seu fraco desenvolvimento, pela sua pouca dinâmica social e entre socos e pontapés os políticos (governo e oposição) atribuem mutuamente as responsabilidades, a edilidade de forma muito tímida, reclama o que considera ser o seu direito e a sociedade civil simplesmente se limita a assistir as campanhas partidárias e exercer o seu direito de voto.
Com esta realidade, partilhada por grande parte dos Maienses e dos que carregam consigo um amor e /ou atenção à ilha, considero que perdemos muito tempo nesta “Pseudo Luta” e já tarda a mudança efectiva de atitude de todos os actores sociais da ilha e do país.
Perguntas e Preocupações:
1. Até quando, a ilha do Maio continuará a ser uma ilha em que a sua dinâmica económica, gira à volta de um barco que semanal ou quinzenalmente, leva as “rabidantes” com as mercadorias para abastecer a ilha?
2. Até quando, continuaremos (nós “maienses”) a ter um papel passivo, apresentando críticas sob críticas, ignorando soluções concretas e exequíveis?
3. Até quando, o poder local (Câmara Municipal do Maio) e o poder central (Governo), continuarão nesta disputa de protagonismo político, em vez de emsoparem a mesa com as ementas da boa diplomacia politica em prol de um Maio mais e melhor?
4. Que papel tem os quadros maienses residentes na Praia, na canalização de negócios, investimentos e investidores para a ilha do Maio?
5. Que papel tem os emigrantes, na construção de uma nova dinâmica do empresariado nacional / local, potenciando a implementação de experiência e vivência que o seu estatuto lhe proporcionou?
6. Qual o Futuro Turístico da ilha (Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no Maio) e de que forma os maienses podem contribuir para este amanhã?
7. Como apoiar a implementação do Plano de Desenvolvimento Urbano da ilha, potenciando uma coabitação de nacionais e estrangeiros, mas potenciando um óptimo clima de negócio?
8. Que futuro para o Desenvolvimento das Pescas, da Agricultura e da Pecuária no Maio, actividades que vem sustentado o nosso povo até os dias de hoje?
Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, pois as inquietações são várias e o futuro encontra-se seriamente comprometido com a Atitude Actual. Porém, mais do que perguntas pertinentes e que merecem respostas e acções concretas, é preciso uma Mudança de Atitudes dos Actores Sociais.
A vida continua sendo um palco de ensaios e apresentações, como dizia William Shakespeare, e apesar de tantos já experimentados e ensaiados (projectos, candidaturas, ideias e acções) continuamos parados e com uma plateia pronta a apreciar e aplaudir.
Este texto não é um artigo, pois não reúne condições para tal, mas um simples alerta no sentido de sermos mais críticos numa perspectiva construtiva, mais ambiciosos e REPENSARMOS MAIO da forma como ela merece, como os seus antepassados a pensaram e a geração vindoura (nossos filhos, netos e bisnetos) a espera.
Mais água, mais luz, mais saneamento, mais esgotos, mais transportes marítimos, mais emprego, mais turismo, mais comércio, mais empreendedorismo, mais e mais, sempre mais, pois, aquele que se acomoda com o que tem, e nada temos ainda, não está preparado para viver e por tal, sobrevive apenas.
Queremos e pensamos que merecemos um Maio Melhor e para tal estamos dispostos a negociar o negociável e arduamente trabalhar por amor à ilha. Em fecho, exorto os maienses a exercerem a sua cidadania como caboverdianos e se questionarem: O que posso fazer para o Maio e não o que o Maio pode fazer por mim, imitando o John F. Kennedy.
Amilton Fernandes (Miká di Morro)