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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Qual futuro para o Maio?

 “A mudança é a lei da vida e aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro”. John F. Kennedy
Algo que sempre apreciei no povo Caboverdiano é a sua postura de ser um povo pouco conformado com as dificuldades que a vida apresenta, estando permanentemente em busca das melhores soluções e alternativas para um futuro melhor. Vejo isso no nosso povo dos interiores das ilhas, que se deslocam diariamente ás actuais Cidades em busca do sustento da família, vejo isso no dia – a – dia das gentes das Cidades, labutando nas empresa, nas casas comerciais, nas ruas, nos mercados etc. Este povo que de sol a sol se esforça com o único objectivo de melhorar o seu hoje e garantir um amanhã.  
A atitude de um povo tem-se demonstrado como factor transformacional das sociedades e das civilizações, embrulhando alguns na extrema pobreza, miséria e no esquecimento, e conduzindo outros à dinâmica do desenvolvimento humano, social e económico, a preservação dos seus recursos naturais, mas sobretudo da promoção de maior e melhor qualidade de vida. Esta atitude não se centra nas decisões político-partidárias que são tomadas, não emana de qualquer corrente religiosa e muito menos do acaso. Ela é intrínseca a cada cidadão, influenciado pelas suas raízes culturais e pelo seu viver.
A ilha do Maio (Nha  Terra e Nha Grandi Kre Txeu ), vem sendo criticada por muitos pelo seu fraco desenvolvimento, pela sua pouca dinâmica social e entre socos e pontapés os políticos (governo e oposição) atribuem mutuamente as responsabilidades, a edilidade de forma muito tímida, reclama o que considera ser o seu direito e a sociedade civil simplesmente se limita a assistir as campanhas partidárias e exercer o seu direito de voto.
Com esta realidade, partilhada por grande parte dos Maienses e dos que carregam consigo um amor e /ou atenção à ilha, considero que perdemos muito tempo nesta “Pseudo Luta” e já tarda a mudança efectiva de atitude de todos os actores sociais da ilha e do país.
Perguntas e Preocupações:
1.      Até quando, a ilha do Maio continuará a ser uma ilha em que a sua dinâmica económica, gira à volta de um barco que semanal ou quinzenalmente, leva as “rabidantes” com as mercadorias para abastecer a ilha?
2.      Até quando, continuaremos (nós “maienses”) a ter um papel passivo, apresentando críticas sob críticas, ignorando soluções concretas e exequíveis?
3.      Até quando, o poder local (Câmara Municipal do Maio) e o poder central (Governo), continuarão nesta disputa de protagonismo político, em vez de emsoparem a mesa com as ementas da boa diplomacia politica em prol de um Maio mais e melhor?
4.      Que papel tem os quadros maienses residentes na Praia, na canalização de negócios, investimentos e investidores para a ilha do Maio?
5.      Que papel tem os emigrantes, na construção de uma nova dinâmica do empresariado nacional / local, potenciando a implementação de experiência e vivência que o seu estatuto lhe proporcionou?
6.      Qual o Futuro Turístico da ilha (Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no Maio) e de que forma os maienses podem contribuir para este amanhã?
7.      Como apoiar a implementação do Plano de Desenvolvimento Urbano da ilha, potenciando uma coabitação de nacionais e estrangeiros, mas potenciando um óptimo clima de negócio?
8.      Que futuro para o Desenvolvimento das Pescas, da Agricultura e da Pecuária no Maio, actividades que vem sustentado o nosso povo até os dias de hoje?
Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, pois as inquietações são várias e o futuro encontra-se seriamente comprometido com a Atitude Actual. Porém, mais do que perguntas pertinentes e que merecem respostas e acções concretas, é preciso uma Mudança de Atitudes dos Actores Sociais.
A vida continua sendo um palco de ensaios e apresentações, como dizia William Shakespeare, e apesar de tantos já experimentados  e ensaiados (projectos, candidaturas, ideias e acções) continuamos parados e com uma plateia pronta a apreciar e aplaudir.

Este texto não é um artigo, pois não reúne condições para tal, mas um simples alerta no sentido de sermos mais críticos numa perspectiva construtiva, mais ambiciosos e REPENSARMOS MAIO da forma como ela merece, como os seus antepassados a pensaram e a geração vindoura (nossos filhos, netos e bisnetos) a espera.
Mais água, mais luz, mais saneamento, mais esgotos, mais transportes marítimos, mais emprego, mais turismo, mais comércio, mais empreendedorismo, mais e mais, sempre mais, pois, aquele que se acomoda com o que tem, e nada temos ainda, não está  preparado para viver e por tal, sobrevive apenas.
Queremos e pensamos que merecemos um Maio Melhor e para tal estamos dispostos a negociar o negociável e arduamente trabalhar por amor à ilha. Em fecho, exorto os maienses a exercerem a sua cidadania como caboverdianos e se questionarem: O que posso fazer para o Maio e não o que o Maio pode fazer por mim, imitando o John F. Kennedy.

Amilton Fernandes (Miká di Morro)

ORLANDICES DE STA. CRUZ

Ouvi, pela comunicação social, excertos das declarações do esdrúxulo presidente da Câmara Municipal de Sta. Cruz, Orlando Sanches, proferidas à saída da audiência que lhe foi concedida pelo senhor Presidente da República, com o propósito de prestar esclarecimentos à volta do polémico projecto Cimenteira de Sta. Cruz.
Entre outros disparates a que já nos habituou, destaco as suas desajeitadas e incongruentes justificações para a escolha de Sta. Cruz, em detrimento do Maio, para a instalação da indústria. De notar que as anteriores justificações já foram descartadas e substituídas por outras, tão ou mais estapafúrdias que as primeiras! Dessas, pelos vistos, apenas se mantém a razão da maior dimensão do mercado de consumo santiaguense. Ou seja, para a determinação da localização de uma indústria extractiva, o escoamento de produto pesa mais do que o abastecimento de matéria-prima! É caso para se perguntar se existe em alguma parte do mundo alguma fábrica de cimento fora do jazigo de calcário?! Orlandices!
Mas vejamos as novidades do senhor Orlando:
Segundo o causídico, foram feitos estudos em que se consideraram várias hipóteses de localização da fábrica, nomeadamente Santo Antão, S. Vicente, Maio e, claro, Sta. Cruz. A possibilidade de exportação para os países da CEDEAO também pesou na escolha do local. Ainda segundo o mesmo, a dimensão da oferta de mão-de-obra terá sido um factor determinante na escolha, chegando mesmo a afirmar que o Maio, devido ao número reduzido da população, nunca poderia sediar uma indústria dessa natureza!
Quanto aos estudos referidos para a determinação do local de instalação da fábrica, aposto em como o senhor Orlando estará a inventar, a atirar para o ar! Em existindo, seria caso para se indagar, porquê aquelas ilhas e não outras?! Porque não S. Nicolau também?! Na ilha de Santiago, porque não o Concelho da Praia ou Sta. Catarina também?!
Com que então Sta. Cruz levaria vantagem quanto à possibilidade de exportação para os países da CEDEAO, sabendo que o Maio fica a menos milhas de distância do continente africano?! Ou será por causa do porto que Sta. Cruz não tem?! Ou, ainda, pelo facto de o porto do Maio não servir para embarcar anualmente 300 mil toneladas de sacos de cimento (produto), quando serviria para embarcar mais de 400 mil toneladas de pedras de cimento (matéria-prima)?!
A questão de a mão-de-obra local do Maio ser reduzida, não é menos disparatada! Com esse argumento seria impensável o desenvolvimento turístico na Boavista que hoje alberga mais santiaguenses do que os naturais da ilha. Se Boavista pode receber mão-de-obra santiaguense, porque não Maio, ilha mais próxima de Santiago?!
Como se pode ver, não se encontra uma única razão de racionalidade económica ou social para a escolha de Sta. Cruz em detrimento do Maio. O projecto do senhor Orlando Sanches só pode ter outras razões, aquelas que se não confessam! Um projecto estranho, não só pela sua irracionalidade económica como também pela forma como surgiu e ainda pelo modo brejeiro como tem sido apresentado e cozinhado!
Devo relembrar aqui que o projecto Cimenteira de Sta. Cruz surgiu quando era Ministro da Economia o senhor Avelino Bonifácio, por sinal natural de Sta. Cruz e irmão de Orlando Sanches. Antes disso ninguém tinha dado conta de potenciais investidores chineses em Cabo Verde a perscrutar a possibilidade de produção de cimento! Fosse só por isso, ainda assim se justificaria a estranheza de muita gente relativamente a esse projecto.
Mas há muitas mais esquisitices no projecto de Orlando Sanches! Vejamos algumas:
Inicialmente o projecto era aflorado como sendo de interesse público e apadrinhado pelo Governo, mas agora apresentado como de iniciativa de investidores privados chineses que nunca deram a cara;
O Governo também não dá a cara, não fala sobre o projecto, nem mesmo nos períodos eleitorais, deixando tudo nos cuspos do causídico Orlando Sanches. E quando é interpelado, esquiva-se por detrás do facto de se tratar de um projecto privado, como se já não tivesse deliberado no sentido da participação do Estado num projecto de indústria extractiva, pesada e suja, com considerável impacto económico e ambiental!
E ao dizerem-nos que se trata de um projecto privado, julgam poder convencer-nos da viabilidade económica do mesmo. O projecto pode até ser racional, mas para interesses particulares dos promotores chineses e de padrinhos cabo-verdianos. Nunca para Cabo Verde! A propósito de interesses privados chineses, chamaria a atenção para o artigo “Cimenteira em Pedra Badejo – Um projecto complicado” inserto no jornal Expresso da Ilhas na sua edição de 23/02/2005, em que se dava conta de que o principal parceiro, para além de ser um operador marginal nos negócios do cimento, é o fornecedor (vendedor) dos equipamentos. Para quem tenha a possibilidade de fazer um grande negócio com a venda de equipamentos e quando os riscos se transferem totalmente para o Estado de Cabo Verde, que lhe importa a localização da fábrica?
Quanto aos padrinhos cabo-verdianos, não deve ser por acaso que dirigentes tambarinas de Santiago Norte, colocados em áreas afins no Governo e na Administração Pública, vão sorrateiramente trabalhando no assunto. Exemplo de servicinho é o estudo de impacte ambiental mandado publicar pela Direcção Geral do Ambiente em Outubro do ano passado e colocado para consulta pública na D.G.A. e em Sta. Cruz (Câmara Municipal e Delegação do Ministério do Ambiente). No Maio, em nenhum local, até porque o referido estudo ignorou completamente a ilha e os efeitos da extracção e da movimentação das 490 mil toneladas de matéria-prima por ano!
Outra jogada estranha é o facto de se ignorar deliberadamente a Sociedade de Desenvolvimento Turístico da Boavista e Maio, quando, por lei, teria obrigatoriamente de se pronunciar sobre o projecto!
Felizmente o aberrante projecto de Orlando Sanches não parece com pernas para se concretizar. Sinal disso é a última novidade concernente à possibilidade de oferta de outros projectos para o Maio, que não têm nada a ver com a indústria cimenteira! Ou seja, rebuçados para os maienses, a ver se calam! Que ofensa à dignidade do povo do Maio, Sr. Orlando!
Para terminar, uma questão: seria possível instalar a fábrica de cimento em Sta. Cruz se o jazigo de calcário se localizasse em Sta. Catarina?
E um conselho: parem de ofender o povo do Maio!

ADALBERTO SILVA

quinta-feira, 31 de março de 2011

PILATOS DE DJARMAI

No íntimo de Cabo Verde vivencia-se a virgindade da ilhota Djarmai. Ilha cuja sociedade está a ser espatifada pelos flagelados de todos os ventos (antidemocrático, anti-cultural, antiprogressista, mergulhada numa vida de tristezas) provocados pelos “Pilatos” da nossa terra, sejam eles naturais ou não.  
Ao cimo do Penoso, hoje, pode-se verificar em toda a atmosfera da pequena ilha a insatisfação social e o desleixo duma sociedade que outrora simbolizou a mansidão e o sossego.
As medidas sociopolíticas, económicas e culturais, se foram tomadas, parecem não surtirem efeitos de forma a acompanhar as dinâmicas, os desafios previstos e vividos noutras paragens que, insistentemente procuram revolucionar o pensamento do povo de Djarmai, principalmente “os Pilatos”. senhores dos senhores e não Senhores!
Sem dúvida que houve um retrocesso de socialização do povo maense, uns tapam os olhos para não ver! Atrevo-me a dizer que o processo da globalização que o Mundo atravessa é vista como uma praga social em Djarmai, já que “os Pilatos” lavaram as suas mãos, Ignorando a genuinidade e a simplicidades dos mais precisados, na compreensão dessa dinâmica global.
É urgente tomar medidas que visam ressuscitar a sociedade maense. Pois, apesar dos flagelos que a assola, perpetua a pequena chama da morabeza das gentes.
Os filhos da terra cantaram: “…é triste é magoad… rapaz nob ka podé fazé nada… mininas bunitas ka podé fazé nada…”; “Nhós kré nhu dãn… ”; “Djarmai di nós só ku dibagar…”. Esse desleixo e súplica é o espelho daquilo que se pode constatar hoje, o contraste d`ontem no quotidiano maense.
Dito isto creio que é urgente criar uma estrutura coesa, consistente e persistente que sirva de entrave “aos Pilatos” que abusadamente persistem em secar as águas de tanto lavarem as mãos em detrimento do povo.

Edson Valdir M. Alves; Dibãn
evaldir_alves@hotmail.com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CIMENTEIRA: PORQUE NÃO NA ILHA DO MAIO?

Ultimamente, e numa altura em que muito se tem falado da influência das redes sociais na sociedade e, nomeadamente, na vida política, tem surgido algumas explicações ou meras opiniões da parte de algumas personalidades ligadas ao PAICV e ao Governo sobre a Transferência do Projecto da Cimenteira para Santa Cruz. Refiro-me nomeadamente ás declarações do Deputado Municipal Tó Tavares e, mais recentemente do Ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos José Maria Veiga.

Começando pelo Deputado Municipal Tó Tavares, diria que ele revelou (mais uma vez) aquilo que venho constatando de algum tempo a esta parte: a militância nos partidos políticos em Cabo Verde enceguece completamente as pessoas. Já ouvi da boca de um militante e dirigente do MPD no Maio que todos os estudos indicam que a melhor localização para um Porto na ilha do Maio é exactamente onde está o actual. Fiquei estupefacto. Para não assumir que a construção daquele porto foi um erro do seu partido, insiste numa ideia que, á partida, qualquer cidadão (não e preciso ser especialista para ver) sabe que não a mais racional. Então para Djarmai ter um porto era preciso cortar ao meio a extensa praia de areia branca e água cristalina que se estende de “bitxe rotxa” até ao Morro?! Não se consegue arranjar ao longo de toda a costa maense uma “gretinha” com condições para se erguer um porto?! ODJE Y PAKÉ??!!

Mas voltando á cimenteira, ou melhor projecto de cimenteira (é proibido dizer cimenteira sem projecto á frente), e ao deputado Tó Tavares, diria que ele não podia ter sido mais infeliz na sua argumentação. Tó Tavares, que apesar de não conhecer, admiro (não como deputado), poderia ter-nos poupado deste triste episódio. “Não deixa de ser paradoxo quanto reivindicam que o Estado transporta para o Maio, arroz porque lá não existe, petróleo porque lá não existe, mercadoria, aeroporto, avião, barcos porque temos esse legitimo direito e, quando chegar o momento do Maio contribuir com o seu quinhão, aquilo que possui para partilhar com o todo nacional, aparece gente a choramingar” estes são os argumentos do Deputado Tavares para justificar a tal transferência.

Meu caro compatriota Tavares, que comparação mais estapafúrdia! Então as matérias-primas serão levadas para Santa Cruz como contrapartida do arroz, do petróleo,…, dos aviões… que recebemos de… Santa Cruz?!  Sr. deputado cabe ao estado gerir os recursos do subsolo mas, de forma racional e não me parece que transportar 90% de matérias-primas (rocha bruta) de um sítio para se juntar a 7% doutro sítio seja a opção mais racional. Não seria melhor transportar os 7% para se juntar aos 90%? Além do mais meu caro compatriota, o Sr. que foi eleito para defender os interesses da ilha do Maio e dos Maenses, aceita que os que o elegeram sejam privados de um projecto que criaria directa e indirectamente cerca de 400 postos de trabalho (e estamos a falar da ilha com a segunda maior taxa de desemprego do país), além do grande impacto que teria na economia da ilha atraindo outras actividades e outros investimentos. O pior é que o Sr. aceita sem exigir do seu partido uma explicação plausível. Isto sim é paradoxo Sr. Deputado. O Sr. deveria ser o primeiro a exigir do Governo um estudo comparativo para localização em Santa Cruz e em Djarmai. Porque não o faz?

Em relação ao Sr. Ministro José Maria Veiga, o seu comentário demonstrou, mais uma vez, que todo este processo é, no mínimo estranho e nem o Governo nem o PAICV tem uma explicação racional para a transferência.

O Ministro afirmou, num comentário no Facebook, que “durante o processo de fabrico do cimento é produzido uma matéria de nome Clinker que é muito perigoso e que os turistas não iriam a Maio se soubessem que lá se produz esta matéria”. E eu pergunto: então o Clinker é perigoso para os turistas e não é perigoso para a população de Santa Cruz? Esta será a primeira unidade a produzir esta matéria? Santa Cruz não tem projectos turísticos

O Ministro Veiga subestima as capacidades dos maenses ao pensar que estas explicações são suficientes para nos convencer que não se pode ter uma fábrica de cimento na ilha do Maio. Tal como o Sr. Ministro, eu também estou consciente de que a indústria cimenteira traz desvantagens ambientais para qualquer espaço, mas eu sei e sei que o Sr. Ministro também sabe que, o que é perigoso para os turistas que visitam Maio é também perigoso para os turistas que visitam Santa Cruz, é também perigoso para os Maenses, Santacruzenses, e qualquer outro ser vivente. Portanto como é que o Sr. Ministro explica que, não se pode construir no Maio porque faz mal aos turistas mas pode-se contruir em Santa Cruz onde vivem os santacruzenses? 

Ademais, a Sr. Ministro conhece, tal como eu, o Estudo de Impacto Ambiental que o seu Governo encomendou, que dá um parecer favorável á instalação da fábrica em Santa Cruz e que não faz nenhuma menção a eventuais perigos resultantes da produção do Clinker. Já agora Sr. Ministro, o Clinker é também a matéria base usada na produção do cimento nas fábricas da Sécil em Setúbal e da Cimpor em Loulé (Algarve), duas das regiões que mais turistas recebem em Portugal.

Mas há ainda outros aspectos do estudo a realçar e que contradizem a tese de uma eventual incompatibilidade com o turismo. Segundo o Estudo de Impacto Ambiental da Cimenteira a ser instalada em Santa Cruz, serão transportados anualmente, e por via marítima, 409.900 toneladas de calcário, 62.400 toneladas de xisto e 18.300 toneladas de gesso da ilha do Maio, equivalente a 90% das matérias-primas. E apenas a argila, que só representa 7% das matérias-primas será extraída em Santa Cruz. E o estudo revela ainda, e passo a citar: “O calcário constitui a matéria-prima mais importante na produção do Clinker e do Cimento…  será explorado na Ribeira do Toril localizada a NE da Vila do Maio, numa encosta de declive suave e a exploração será a céu aberto.” E não há Estudos de Impacto ambiental para estas explorações porquê? Não vou entrar mais a fundo na análise a este estudo, algo que farei num outro artigo.

Importa ainda referir que o Primeiro-ministro durante a campanha na ilha do Maio afirmou que nunca ouve projecto para cimenteira na ilha (o que não é verdade) e disse estar disponível para apoiar eventuais projectos que possam surgir para cimenteira em Djarmai. Afinal, Maio pode ou não pode ter uma Cimenteira?

Qual é afinal a justificação para não se instalar a fábrica em Djarmai? Será porque o Clinker afugenta os turistas como diz o Ministro Veiga? Será porque nunca houve projecto como diz o Sr. JMN? Ou será para pagar o arroz, o petróleo, os aviões,…, que recebemos (de Santa Cruz?) como justifica o Sr. Deputado Tavares?

Perante toda esta carambola fica claro que a única razão para esta decisão é favorecer Santa Cruz em detrimento de Maio.

Nota final ainda só para fazer uma chamada de atenção. O tema Cimenteira, ou melhor Projecto da Cimenteira, esteve em destaque durante a campanha eleitoral e findo o período eleitoral parece ter (voltado a) cair no esquecimento, principalmente daqueles que têm algum poder de decisão. O MPD, num claro acto de aproveitamento político, apareceu a falar deste assunto nas vésperas das eleições. Primeiro através de um comunicado na CMM e depois durante a campanha. A deputada Joana Rosa por várias vezes prometeu devolver o projecto á ilha e ao que parece até já se esqueceu. Mas o povo não esquece Sr. Deputada.

Isto só demonstra que para os partidos e, infelizmente, para alguns maenses, esta questão só tem interesse político, espelhando bem a situação a que chegamos em Cabo verde no geral e Djarmai em particular: tudo, absolutamente tudo, é politizado e partidarizado. Mas queria deixar aqui uma palavra para a reflexão de todos os maenses, principalmente os políticos: esta questão não se trata de uma luta política, não se trata de uma luta entre o MPD e o PAICV, mas sim de uma luta do povo maense em defesa dos interesses da ilha e dos maenses.

Samir Agues da Cruz Silva
samirsilva@vozdidjarmai.com

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SONHOS


N’staba ta durmi kante kin chinti pedra bati na janela di nha kuart
n’labanta pam spreita era bo ki staba ta spera pa mi
n labanta ta corri pan bai ter ku bo kant n’abri porta sta kaiba chuva
di flor ku bu corpe modjade bu pegan na mau
sem medo n’brasau nu fica lapido na compahere, sem vontade di
largau di nhas brasos,n poi ta tchora mas o kin kre di bo
i chinti calor di bu corpe  i sabor di bus labios na di meu baby
mas ku tude delicadesa n vira pa bo ku um  olhar inocente
n utilisa palavra di  adolescente n flau
bu amor foi um bola di magia infeitisada ki foi lansade pa um ange
ki atingi nha corasan,ki aumenta nhas disejos di sta ku bo
por isse dexan navega na oceano di bu olhar
mergudja na onda di bu corpe
 divagar cai na spuma di bu amor
i num por di sol
flau ki nha amor pa bo sta sem juiso 

Sandy